quarta-feira, 8 de março de 2017

No dia 8 de março...Viva, Frida, em todas nós!





A pintora mexicana, Magdalena Carmen Frida Kahlo y Calderon, morreu em 1954 aos 47 anos. Intensa, foi considerada uma mulher à frente de seu tempo. Cheia de vida, mesmo com todas as dificuldades que precisou enfrentar, desde doenças, acidentes, abortos.Se tornou, ao longo dos anos e até depois de sua morte, um ícone das artes e do universo feminino. Frida Kahlo está estampada em diversos produtos...é possível ver sua imagem em camisetas, bolsas, canecas, editoriais de moda, festas à fantasia...a “fridamania” está em toda parte, espalhada aos quatro cantos da rede. E sua monocelha é vista como marca de registada, símbolo da beleza autentica, mesmo agora, em tempos de design de sobrancelha.
Talvez seja a mãe da self, já que grande parte de seu trabalho é de autorretratos. A intensidade das suas ações, fazem com que suas deficiências físicas e limitações não sejam o que a definem.  Em inúmeros momentos de sua trajetória e de suas obras, o corpo é apresentado como a expressão concreta de sua consciência e militância.Seu corpo é objeto e realização, num elo essencial entre sua vida e obra. Em uma sociedade que cultua o corpo útil e aparentemente saudável, Frida escolheu enfrentar o preconceito. Vaidosa e certa de como queria ser representada, acaba por criar uma emancipação em sua forma de representação, escolhendo como gostaria de ser vista no imaginário social. Sua fragilidade, medos e receios estavam expostos em suas obras. Da mesma forma que sua força, feminilidade e autenticidade em suas ações.
Definitivamente sua imagem não nos permite ser indiferentes. Sua personalidade mostra-se em cada acessório, em cada nó da trança, na estampa dos vestidos, no detalhe dos bordados, no rosto maquiado. Há alívio em não ver a beleza perfeita! Há admiração por uma mulher ser tão autêntica e autônoma! Há o desejo de assumir essa individualidade enérgica e rejeitar qualquer forma de submissão social!
Hoje, quem sabe, além de pintora, seria uma blogueira de moda, já que desenhava e customizava suas roupas e sapatos. Seu estilo prestava homenagem a um vestuário feminino indígena, o que poderia ser visto como algo arcaico, mas sua forma de se apresentar ao mundo evidenciava uma mulher contemporânea. As roupas de Frida Kahlo, cheias de personalidade viraram tendência e ícones de estilo e até ganharam exposição e livro só para elas. Soube através da autenticidade, transformar dores em flores...seus sapatos eram adaptados exclusivamente para ela, com um salto maior do que o outro para nivelar sua altura. Seus ‘corpetes’, na verdade, eram coletes ortopédicos.
Escolheu viver com intensidade um amor cheio de defeitos. Na maioria de suas obras, Frida se autorretratou: as angústias, as vivências, os medos e principalmente o amor incondicional que sentia pelo marido, e também pintor Diego Rivera. Mesmo com uma relação complicada enquanto casal e rodeada de traições de ambas as partes, foi ele que ajudou Frida a revelar-se como artista.
Penso que Frida Kahlo construiu esse feminismo provocativo da imagem justamente para questionarmos nossas ações e nossa forma de se ver no mundo. O que é possível criar e construir com limitações físicas num mundo tão capacitista? A arte foi sua resposta. Uma arte altamente egóica, mas que se comunica diretamente com as lutas políticas do México e com o íntimo das mulheres. Não me parece à toa que ela tenha se tornado uma figura tão popular entre as feministas, e acho que podemos ir além do simples consumo de sua imagem em camisetas, bolsas, bonecas, quadrinhos e resgatar e amplificar sua voz e sua luta pelas minorias, pelas mulheres, pela arte, pelo folclore, pela política...mais ainda sua forma de ver a vida. Por isso escolhi ela para representar a todas nós no dia das mulheres...
VIVA, FRIDA, EM TODAS NÓS! Viva em mim, viva na menina que não atende o padrão de beleza, viva na menina que mesmo assim é vaidosa... Viva na mulher que não pode ser mãe, na mulher que não quer ser mãe, na mulher que é também mãe.... Viva na mulher que precisa enfrentar o mercado de trabalho que valoriza mais o homem.... Viva na mulher que ama o homem errado, na mulher que ama o homem certo, na mulher que ama outra mulher, na mulher que se ama acima de tudo...Viva naquelas que possuem limitações físicas mas se superam dia a dia. Viva na mulher que é dona de seu próprio corpo, de seu próprio dinheiro, de seu próprio prazer... Viva na mulher que é dona de sua imagem, de sua moda... Viva na índia, na preta, na branca, na gorda, na magra, na bonita e na feia. Viva, Frida, em todas nós MULHERES, com tua força, audácia e paixão! 

Um comentário: